
Em alguns pontos eu contrario minha tia. Um deles é quando saio do banho, sempre molhado. Não tenho o hábito de me enxugar. Ela não compreende e sobrepõe minha mania com a dela: espalhar três ou quatro toalhas pelo banheiro. Esforço em vão. Gosto da companhia da água nos braços e nas pernas encharcadas, ainda que em proporção infinita, perto da excitação de estar frente ao mar. Acho que gosto mesmo é de ver o corpo evaporar pouco a pouco, alheio ao meu controle. Mesmo correndo risco de um escorregão, sinto a vida mais própria com o movimento das águas em mim. Isso vale, sobretudo, para essas semanas de apatia externa e inquietação aqui dentro. Com a água, sinto movimento na pele. Efêmero, que seja. Porém diário.
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